Ana Cláudia Vieira Lopes
Fernandes(1)
Maria Teresa Mendonça
McIntyre(2)

1) Psicológa, Mestre em Psicologia da Saúde pela Universidade do Minho. Doutoranda em Psicologia na Universidade do Minho.
Professora Assistente da Licenciatura em Psicologia no Instituto Superior da Maia.
2) Psicológa, Professora Associada com Agregação, Coordenadora Mestrado e Doutoramento em Psicologia da Saúde da Universidade do Minho.

Recebido em: 17/01/2006
Revisado em: 04/03/2006
Aceito em: 05/04/2006

Resumo

Este artigo faz uma breve revisão da literatura sobre a relação entre os fatores psicossociais e a reabilitação pós-enfarte agudo do miocárdio (EAM), com vista a fundamentar o desenvolvimento de programas de intervenção psicossocial junto a estes pacientes. Descrevese um programa de intervenção psicológica destinado a melhorar o ajustamento à doença e a qualidade de vida dos doentes pós-EAM. Apresenta-se um estudo preliminar da eficácia deste programa, comparando-se a modalidade de intervenção psicossocial (grupo de estudo – GE) em relação a um grupo controle (GC) na modalidade de intervenção médica tradicional.
A investigação realizada teve um desenho quasi-experimental, sendo a amostra constituída por 41 doentes do sexo masculino dos serviços de cardiologia de 3 hospitais da região Norte de Portugal, com idades compreendidas entre 35 e 70 anos. As variáveis da intervenção foram a depressão, a ansiedade, as representações de doença e os hábitos de saúde e estilo de vida. Os pacientes foram avaliados após a ocorrência do EAM (internamento) e 3 meses após a alta hospitalar. A principal hipótese previa a existência de diferenças significativas entre o GE e o GC, do pré para o pós-teste, no sentido de melhores resultados psicossociais pós-EAM para o GE. Os resultados obtidos apontaram para um efeito positivo da intervenção no GE em comparação com o GC em termos da depressão, ansiedade, compreensão da
doença e percepção da sua duração, controle de tratamento, nutrição e atividade física.
Estes resultados mostram a importância deste tipo de intervenção na melhoria do bemestar e ajustamento à doença.

Teresa McIntyre, Ana Cláudia Fernandes, & Vera Araújo-Soares
Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho

Resumo

Este artigo descreve um estudo com o objectivo de investigar alguns indicadores da eficácia diferencial de uma intervenção psicológica multimodal e multidisciplinar (biopsicosocial), e de uma intervenção biomédica na reabilitação cardíaca pós-enfarte do miocárdio. A amostra é constituída por 32 sujeitos de ambos os sexos, utentes de um Serviço de Cardiologia, com idades compreendidas entre 35 e 65 anos. Previa-se uma diferença significativa no grupo biopsicossocial, entre os momentos pré e pós intervenção nas variáveis clínicas e psicossociais estudadas, no sentido de uma diminuição nos valores de ansiedade, depressão e hostilidade e de um aumento nos comportamentos promotores da saúde, não se verificando o mesmo no grupo biomédico. Os resultados apontam para alterações positivas no grupo submetido à intervenção psicológica nas variáveis consideradas com a reabilitação pós enfarte do miocárdio. A discussão e apreciação crítica dos resultados é efectuada com base no quadro teórico de referência.